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A Rota
2006
Chen Chieh-jen
Manchetes de jornal
Avisos de demissão são entregues através de um táxi na algazarra do porto
400 estivadores demitidos
Este filme é inspirado
na greve dos estivadores de Liverpool de 1995.
Durante o regime de Margaret Thatcher nos anos 80
todos os portos britânicos foram privatizados.
Empresas privadas começaram a empregar
trabalhadores não sindicalizados para substituir
os trabalhadores sindicalizados.
Em setembro de 1995,
a empresa The Mersey Docks and Harbour Company
inesperadamente demitiu 20 estivadores do porto de Liverpool.
Em resposta às demissões,
outros 400 estivadores iniciaram uma greve.
Esse fato desencadeou um movimento de resistência
à privatização dos portos por estivadores de todo o mundo.
Em setembro de 1997, após dois anos de greve,
trabalhadores que furaram a greve em Liverpool carregavam um navio
chamado Neptune Jade
cujo destino era o porto de Oakland, na Baía de São Francisco, Estados Unidos.
Depois que o sindicato dos trabalhadores portuários, o ILWU
(International Longshore and Whare House Union)
transmitiu a notícia da chegada do Neptune Jade,
os estivadores de Oakland,
em solidariedade aos grevistas de Liverpool,
montaram um piquete por conta própria e se recusaram
a cruzar a linha do piquete para descarregar o navio.
Em seguida, estivadores dos portos
de Vancouver no Canadá
e Yokohama e Kobe no Japão
montaram piquetes
para apoiar os trabalhadores portuários de Liverpool.
O fracasso de não conseguir descarregar o navio de porto em porto
ao redor do mundo fez com que o Neptune Jade
finalmente navegasse
de Kobe até o porto de Kaohsiung em Taiwan
às 12:30, outubro de 1997.
Em declaração formal, o navio e sua carga
foram leiloados no Porto de Kaohsiung.
Os estivadores do porto de Kaohsiung nunca tiveram notícias
sobre o incidente com o Neptune Jade.
Nem tampouco tiveram contato
com organizações como a ILWU.
No mesmo ano
do incidente com o Neptune Jade,
o sindicato dos estivadores
do porto de Kaohsiung,
revoltados com a privatização
do trabalho braçal,
organizou a resistência contra as autoridades.
Devido à falta de conexões com organizações internacionais
e a complexidade
dos fatores econômicos e políticos locais,
o sindicato dos estivadores
do porto de Kaohsiung não pôde
modificar a política de privatização.
Em seguida, os trabalhadores portuários de Kaohsiung
foram forçados a aceitar a realidade,
a nova administração
iria contratar trabalhadores temporários.
No início de agosto de 2006,
depois de tomarem conhecimento sobre o incidente com o Neptune Jade,
o sindicato dos estivadores
do porto de Kaohsiung
concordou em participar de um <<filme>>,
montando simbolicamente uma linha de piquete no porto.
Apesar da história não poder ser reescrita,
esses trabalhadores tem a esperança
que outros trabalhadores portuários de todo o mundo
continuem montando seus piquetes
e através deste ato simbólico
possam se unir
para combater o problema da privatização dos portos.
Em 17 de agosto de 2006,
um funcionário de uma empresa privada
que alugava uma doca no porto de Kaohsiung
sigilosamente nos deixou entrar e filmar.
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